terça-feira, 5 de julho de 2016

ITEP e Coopemar em visita técnica ao estado do ES.

O mês de junho foi de bastante aprendizado para integrantes da Cooperativa de Produtos Manufaturados e de Costura de Rio Preto (Coopemar). Em Venda Nova do Imigrante, no estado do Espírito Santo, o grupo composto por 9 cooperados conheceu sete locais que são referências em assuntos ligados à agricultura familiar e à costura.
 
Um dos locais visitados foi o “Sítio Orquidário Tapera”, onde o grupo foi acolhido por um engenheiro agrônomo. Ele mostrou as estufas e explicou o processo de cultivo das orquídeas, mostrando as principais espécies, sendo que dentro delas, existem híbridos e um melhoramento genético. Eles conheceram o custo de produção das orquídeas, das estufas e a melhor forma de comercialização.


No Sítio da família Altoé, os visitantes entenderam como funciona uma agroindústria familiar, com a produção de biscoitos feitos no forno à lenha. 

Os artesanatos confeccionados pelos membros da família são expostos em uma pequena loja onde se encontram produtos para casa e jardins, feitos com madeira de pés de café (casinhas para pássaros, cestos de bambu entre outros).


Em apenas um dia, a equipe visitou os seguintes locais:

  1. Sítio Lorenção, Venda Nova do Imigrante.
  2. Familia Altoé, Venda Nova do Imigrante.
  3. Sítio da Família Brioschi, Venda Nova do Imigrante.
  4. Sítio Família Busato Cachaça Temosinha, Venda Nova do Imigrante.
  5. Pedra Azul, Venda Nova do Imigrante.
  6. Fazenda Carnielli, Venda Nova do Imigrante.
  7. Sitio orquidário, Venda Nova do Imigrante.

De acordo com a equipe técnica da ITEP/UENF o objetivo da visita foi mostrar, de forma prática, empreendimentos relacionados a agricultura familiar e a costura, colocando os cooperados em contato com os empreendedores para troca de conhecimento.


A estrutura de incubação da Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares da Uenf (Itep) oferece apoio para que empreendedores transformem suas ideias em cooperativas de produção, redes e cadeias produtivas para empreendimentos ligados a economia solidária.

A Cooperativa de Produtos Manufaturados e de Costura de Rio Preto (Coopemar), incubada pela Itep em 2016, é a responsável pela idealização do Projeto “RecimaisLONA”, que tem como foco o reaproveitamento de lonas.

Texto: Cléber Rodrigues. 
Fotos: Rita de Kássia Guarnier, Rebeca Chagas e Antonio Augusto Carvas.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Nova coordenação do GT de Comercialização faz primeira reunião.

Membros do Grupo de Trabalho (GT) de comercialização do Fórum de Economia Solidária de Campos se reuniram, nesta terça-feira (21), para programar ações de incentivo a venda de produtos.

O encontro, que aconteceu na Universidade Estadual do Norte Fluminense, serviu também para estreitar os laços entre os integrantes, que, entre outras atividades, discutiram artigos do regimento.

 Entre os presentes na reunião estavam a coordenadora do GT de comercialização, Rosane Rodrigues e sua vice, Rosângela da Silva.

“Essa primeira reunião teve um resultado bem bacana. Foi um importante passo em busca de novos espaços de comercialização. A equipe é maravilhosa e tenho certeza que os próximos encontros serão ainda mais produtivos”, disse Rosane.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Cooperativa de Reciclagem de Campos recebe visita técnica de pesquisadores da UENF.

Nesta terça-feira (19), profissionais que atuam na cooperativa de trabalho de catadores solidários de Campos (CATA-SOL), receberam os pesquisadores da ITEP/UENF Nilza Franco Portela, Antônio Augusto Carvas Sant’Anna e Cléber Junior Rodrigues. O encontro aconteceu na usina de triagem de materiais recicláveis, localizada no Parque Aldeia.

Um dos objetivos da visita técnica aos catadores foi conhecer de perto a realidade e sugerir ações, que objetivam a melhor atuação dos profissionais no mercado de trabalho. Entre as sugestões que foram apresentadas, estão estratégias para aperfeiçoar a gestão da cooperativa, além do melhoramento do sistema de coleta seletiva, já que os catadores não possuem veículo próprio.

Uma das iniciativas da assessoria da Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares (ITEP/UENF) é oferecer auxílio através do conhecimento técnico dos pesquisadores.  A primeira ação será a produção de material para uma campanha, liderada pelos catadores, para aquisição de um veículo próprio.

“Nós pesquisamos no mercado o valor de um caminhão usado. Encontramos um que custa 25 mil reais. A compra do veículo vai ajudar na melhoria de vida dos catadores, que, em alguns meses, só recebem 250 reais de salário por falta de material para o trabalho. Hoje, esse é um dos principais motivos da baixa produtividade aqui na usina de reciclagem”, disse Érica Borges, presidente da CATA-SOL.

Ainda de acordo com Érica, em determinadas situações a cooperativa tem ficado sem material por falta de transporte.

“Hoje nós temos uma grande quantidade de lixo reciclável estocada em uma escola particular de Campos. Infelizmente não estamos conseguindo buscar por falta de um caminhão ou outro meio de transporte. Isso é algo que precisamos resolver. Não podemos rejeitar material em uma fase econômica dessas”, concluiu Érica.

Os interessados em participar da campanha podem ligar para o número 022 997345258.

Segundo levantamento feito pela equipe técnica da ITEP, atualmente a usina de reciclagem do Parque Aldeia recebe, em média por mês, 20 toneladas de lixo seco. Volume bem abaixo das 50 toneladas previstas no termo de cooperação técnica assinado com o município. A cooperativa, inaugurada em setembro de 2015, é formada por 25 catadores que trabalhavam no antigo aterro da Codin.

Depois de ouvir as principais necessidades da CATA-SOL, a comissão de pesquisadores da ITEP/UENF vai elaborar ações para que a cooperativa tenha uma sequência na produtividade e na gestão.

“O sentimento que temos é que ainda estamos engatinhando. A ajuda técnica vai nos ensinar a andar com as próprias pernas. Força de vontade não vai faltar”, disse a catadora Daniele Dos Santos.

Reportagem: Cléber Rodrigues - ITEP/UENF

terça-feira, 15 de março de 2016

FÓRUM DE ECONOMIA SOLIDÁRIA AMPLIA REPRESENTATIVIDADE

“A crise nos deixa um legado. Ela mostra que somos capazes de vencer através da união e da superação. Quando se tem o protagonismo das pessoas, a gente faz a roda girar”.

Plenária teve grande participação do público.
A frase é de uma artesã de Campos e resume o clima de otimismo, que tomou conta dos participantes de mais uma plenária do Fórum de Economia Solidária. O evento aconteceu neste mês de março (2016), no auditório Miguel Ramalho, no IFF campus Campos Centro. O encontro foi considerado por membros do fórum como um dos que teve maior participação de grupos e representações políticas, esta última, um pedido dos próprios integrantes da ECOSOL.
Thiago Ferrugem.

“Independente do gestor que estiver à frente do município, tem que valorizar os trabalhadores da Economia Solidária. Eles fazem parte da consolidação de um jeito novo de fazer economia, de forma sustentável e competitiva” Thiago Ferrugem, secretário municipal de desenvolvimento humano e social.

Eduardo Crespo, secretário de agricultura e pesca, falou sobre o apoio ao movimento.

Eduardo Crespo.
“No fim do ano passado foi levantada a possibilidade da criação de um banco comunitário, aqui no interior do estado do Rio. Isso é possível. Vamos trabalhar essa hipótese com muito carinho. É uma promessa”, concluiu.


Bancos comunitários:
Bancos Comunitários são serviços financeiros solidários, em rede, de natureza associativa e comunitária, voltados para a geração de trabalho e renda na perspectiva de reorganização das economias locais, tendo por base os princípios da Economia Solidária.  Seu objetivo é promover o desenvolvimento de territórios de baixa renda, através do fomento à criação de redes locais de produção e consumo.

Nilza Franco Portela.
Voltando a plenária, a assessora técnica do movimento, Nilza Franco Portela falou sobre as perspectivas do Fórum de Economia Solidária e lembrou a importância do cooperativismo.

“Hoje nós temos 22 mil trabalhadores diretos e indiretos da ECOSOL. Número suficiente para “botar a usina pra moer”, arregaçar as mangas e trabalhar. Cada um aqui, representando a sua associação, a sua categoria, tem que entender a importância da união. Estamos no caminho certo”, finalizou.

Representante da EMATER.
Para o segmento da agricultura, a EMATER, que também enviou representante, mostrou alguns caminhos para melhoria do programa de merenda escolar.

“Os produtores precisam se articular mais. A questão da produção local na merenda escolar, em Campos, precisa ser revista, justamente nesse ponto sobre a desarticulação das pessoas. No ano passado, a EMATER injetou mais de cinco milhões só em Campos, mas o potencial de participação popular ainda precisa aumentar”.

O encontro durou aproximadamente 2 horas e contou com a presença de oito representações de órgãos públicos, além, claro, da participação expressiva de trabalhadores da economia solidária. Uma nova plenária deve acontecer ainda este mês.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Economia Solidária busca avanços no Brasil

Por Fernanda Canofre

A mesa de convergência era para ser um painel da Economia Solidária e Democracia Econômica. Mas virou um ato de resistência. Militantes pedindo pela manutenção da Secretaria Nacional de Economia Solidária – com risco de extinção no governo Dilma – cobriram parte da plateia com um pano de cerca de 5 metros, carregando o logo da SENAES. Em coro, mandavam o recado: “fica Dilma, fica Senaes”.

Entre ativistas e militantes da economia solidária vindos de diversas partes do Brasil e da América Latina, estavam Paulo Singer, secretário nacional da SENAES e guru do tema, e Boaventura de Sousa Santos, sociólogo português, coordenador do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, que possui um grupo de pesquisa especializado no assunto. Ter os dois na mesma mesa discutindo economia solidária, seria como reunir Pelé e Eusébio debatendo futebol.
Antes mesmo de que o Secretário pudesse se sentar, em sua cadeira, o público já estava em pé o aplaudindo. A primeira painelista a falar, Marta de Souza, do Rio Grande do Norte, confessou ao microfone “que estava nervosa por estar ao lado de Singer”. A jovem deu seu depoimento pessoal de como a economia solidária artesã a ajudou a romper os limites que o capital lhe havia imposto e se tornar independente.

De fato, é difícil entrar num debate sobre alternativas econômicas que envolva o capital do lado de cima da pirâmide. Alfonso Cortera, do Peru, também painelista, defendeu que já era hora de assumirmos a economia solidária como “política de apoio ao desenvolvimento”. “Não pode ser pensada apenas como alternativa para os pobres”, concluiu.

“Já temos hoje no mundo inteiro um movimento de economia solidária, ao lado do desgaste do desemprego”, lembrou Singer. Ele apontou ainda que é na economia social que as gerações mais novas podem deslumbrar um futuro numa sociedade em crise. “Na Espanha o que mais mata é suicídio. Muitos jovens não conseguem trabalho sem ser informal, sem ser sem direitos”.

Em sua fala, Singer também convidou o público para entender a origem histórica do capitalismo. 

“Nós não sabemos como constituir uma economia socialista, porque nunca foi constituída uma até o fim”, declarou. “Precisamos descobrir na prática como se constrói. Primeiro, eliminar toda a propriedade privada dos meios de produção. O socialismo que eu vejo como viável é basicamente socializar todas as terras, os recursos naturais, minerais”.

“Não esqueçam do que fizeram”, diz Boaventura


Joaquim Melo do Banco Palmas, Professores Boa Ventura e Paul Singer.
Se nunca foi alcançada exatamente a “economia socialista”, os brasileiros foram pioneiros em encontrar uma economia comunitária. Joaquim Melo, foi um dos fundadores do primeiro banco comunitário do Brasil, o Banco Palmas. Criado dentro de uma favela de Fortaleza, Ceará, os sócios do banco tiveram de lutar durante anos contra o Banco Central para ter sua moeda própria reconhecida. “Em 2010, o Banco Central se curvou e reconheceu que os bancos comunitários e as moedas sociais são um direito do povo”, explicou Melo. “O povo tem direito de escolher onde bota seu dinheiro e onde organiza suas finanças”.

O Banco Palmas se tornou a raiz da Rede Brasileira de Bancos Comunitários. A rede que começou pequena, hoje já possui 103 bancos, espalhados em todo o país. O número dobrou de 2011 para cá.
Desde que comunidades, como a do Palmas, passaram a brigar para ter seus bancos reconhecidos, o Brasil virou um exemplo pioneiro da economia solidária através do microcrédito. Boaventura de Sousa Santos, que além de coordenador do Centro de Estudos Sociais, é professor da Faculdade de Economia da UC, transformou o assunto em uma de suas especialidades. Em 2008, o CES de Coimbra abriu um grupo de estudos sobre economia solidária – o EcoSol. Segundo ele, muitos dos casos estudados são brasileiros.

“Estamos tentando levar energia para Portugal e para à África, não vão vocês esquecer do que fizeram!”, avisou o sociólogo.

A força e as transformações que o modelo realizou no Brasil nos últimos anos, colocou Boaventura na defesa da Secretaria de Economia Solidária. “Nós não podemos deixar que perca peso no Brasil a economia solidária. É muita gente que é atendida por ela”, defendeu ele. Em seguida, o sociólogo que apoiou Dilma durante as eleições de 2014, falou diretamente à presidente: “Essa Fórum está contra o golpe, junto à presidente Dilma. Mas que ela não esqueça: ela tem que ajudar o povo a defendê-la. Quando se der conta que sua legislação está como [Maurício] Macri, na Argentina, como vai fazer?”.
A deputada federal Maria do Rosário (PT) também chamou a atenção para a política econômica adotada pelo governo, que classificou como “injusta”. “Solidários à presidente Dilma, temos que dizer que não aceitamos essa política econômica”.

Rosário falou em defesa da SENAES, disse que a “crise econômica é uma crise da acumulação, do capital financeiro” e defendeu uma “economia gerenciada de forma participativa”. “Com a economia solidária, com sua implantação, aprofundam as bases de sustentação do governo”, concluiu.
Boaventura defendeu também que a economia solidária não seja um fim em si, mas um meio de articulação de diversos movimentos de esquerda. “Temos que alargar nossas alianças. É preciso que a economia solidária não seja uma luta dos ativistas da economia solidária. É preciso ser das mulheres, dos indígenas, dos negros, do LGBT, dos camponeses, de todos”, disse.

Veneno na mesa

O Atlas Digital do Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária (SIES), lançado em 2014, registra 19.708 estabelecimentos do tipo no Brasil. Destes, 10.793 estão na zona rural. Outros 2.058, aparecem como sendo de zona rural e urbana. Além disso, no ano passado, o governo federal anunciou repasse de R$ 28,9 bilhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Valor 20% maior do que o ano anterior. Ou seja, no campo a economia solidária parece ter sua raiz ainda melhor alimentada.

O sociólogo português de Sousa Santos no FSMT.
E por que, mesmo assim, há pouca expansão deste modelo no Brasil? “Nós nos últimos 10 ou 15 anos perdemos uma grande oportunidade. Nós hoje poderíamos ter todas as merendas das escolas produzidas por economia solidária, por economia camponesa, por economia orgânica. A agroecologia tem capacidade para isso”, lamentou Boaventura.

Para Boaventura, a reeducação cultural de como vivemos e nos relacionamos com a alimentação, também é uma pauta da economia solidária. O professor criticou a indiferença brasileira diante do uso de agrotóxicos. Hoje, o Brasil é o segundo maior consumidor de agrotóxicos do mundo. E as regiões norte e nordeste registram maior incidência de câncer do que São Paulo.

“Essa luta é também uma luta da economia solidária. A luta dos agrotóxicos é vossa porque é essa que vos vai destruir amanhã”, analisou ele. “O agrotóxico é uma concessão de produtividade, que destrói toda a lógica democrática, reciprocidade das próprias entidades, do cooperativismo, dos bancos comunitários, das feiras, que devem qualquer dia ser consideradas anti-higiênicas, porque não cumprem regras de higiene e, portanto, é melhor ter o hamburger McDonalds ou qualquer outra comida processada”.

A dois passos de Paulo Singer, o homem que conseguiu permear o debate sobre alternativas sociais ao capital financeiro, Boaventura – agora mais otimista do que em sua mesa anterior – deixou seu recado: “A economia solidária é o núcleo e o embrião de uma sociedade melhor”. Em tempos de tantas crises, parece ser a única alternativa possível.

No final da mesa, integrantes do grupo de teatro Sem Hospício, do Hospital São Pedro, e representantes da reforma anti-manicomial subiram ao palco e leram uma carta-manifesto. Os ativistas protestaram contra a nomeação de Valencius Wurch como coordenador geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde, pedindo a saída dele. Valencius é contrário à reforma psiquiátrica brasileira e foi diretor do maior manicômio privado da América Latina, a Casa de Saúde Dr. Eiras, de Paracambi, Rio de Janeiro, até este ser fechado por ordem judicial. O motivo seriam a série de denúncias por violações de direitos humanos ocorridas no local